Todos sabemos que a mídia atravessa uma de suas piores crises econômicas, cujas causas são complexas e sobre as quais falta-me autoridade para falar. Como simples usuário de jornais, revistas, rádios e TVs, acompanho a caça aos leitores e à publicidade, os dois tradicionais esteios da operação de manter um veículo em vida orgânica.
Os custos exagerados da indústria midiática desequilibraram a equação, e vejo emocionado à procura de fórmulas salvadoras. Um detalhe salta aos olhos: política, personagens e fatos políticos mantêm uma considerável massa de leitores, que não se expandem, pelo contrário, envelhecem e se fadigam das mesmices de cada crise, de cada escândalo, de cada articulação.
O esporte é a porta de entrada dos jovens para a mídia, funciona e funcionará sempre, mas condicionado às emoções de cada modalidade, ao desempenho de craques, às variantes dos torneios e chaves.
No último domingo, examinando a capa das revistas semanais e as principais chamadas dos jornais, verifiquei que saúde, beleza e comportamento são as pautas hoje prioritárias na conquista dos leitores. Por mais emocionante que seja a briga pelo novo salário mínimo, por mais que um senador convide outro senador para brigar lá fora, por mais que se especule se o ministro tal está sendo fritado, nada disso faz aumentar as vendas avulsas nem chega a impressionar o universo potencial de consumidores.
Daí a insistência da mídia em divulgar grandes matérias provando que o fumo mata, que o câncer pode ser curado, que os hábitos alimentares condicionam beleza, saúde e rendimento escolar, que a violência urbana deve ser combatida pelo mutirão de cidadãos conscientizados.
Antigamente, fundava-se um jornal ou uma revista para ser do fulano ou do sicrano. Era o jornal do Patrocínio, do Ruy, do Assis Chateaubriand. Esse tempo passou. Hoje, o jornal é do leitor.
(Carlos Heitor Cony, Folha de São Paulo, 16/06/04)
Segundo o texto, os jornais
(A) passam por séria crise econômica em decorrência da perda de leitores para uma outra mídia: a televisão.
são mantidos pelas verbas publicitárias.
Atualmente, são mais controlados por seus donos, pois estes interferem naquilo que pode ou não ser publicado.
não apresentam mais grandes matérias a respeito de assuntos diversos.
sofrem forte influência dos políticos em suas publicações.