LEIA O TEXTO PARA RESPONDER ÀS QUESTÕES NUMERADAS DE 01 A 05. “Quando eu tinha os meus ...

Questão 1

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Q29915
Teclas de Atalhos
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LEIA O TEXTO PARA RESPONDER ÀS QUESTÕES NUMERADAS DE 01 A 05.

“Quando eu tinha os meus 15 anos e traduzia na classe de grego do Pedro II a ‘Ciropédia’, fiquei encantado com esse nome de uma cidadezinha fundada por Ciro, o Antigo, nas montanhas do sul da Pérsia, para lá passar os verões. A minha imaginação de adolescente começou a trabalhar, e eu vi Pasárgada e vivi durante alguns anos Pasárgada.

Mais de vinte anos depois, num momento de profundo cafard* e desânimo, saltou-me do subconsciente este grito de evasão: ‘Vou-me embora pra Pasárgada!’ Imediatamente senti que era a célula de um poema. Peguei do lápis e do papel, mas o poema não veio. Não pensei mais nisso. Uns cinco anos mais tarde, o mesmo grito de evasão nas mesmas circunstâncias. Desta vez o poema saiu quase no correr da pena. Se há belezas em Vou-me embora pra Pasárgada, elas não passam de acidentes. Não construí o poema; ele construiu-se em mim nos recessos do subconsciente, utilizando as reminiscências da infância – as histórias que Rosa, a minha ama-seca mulata, me contava, o sonho jamais realizado de uma bicicleta, etc. O quase inválido que eu era ainda por volta de 1926 imaginava em Pasárgada o exercício de todas as atividades que a doença me impedia. ‘E como farei ginástica... tomarei banhos de mar!’. A esse aspecto Pasárgada é toda a vida que podia ter sido e que não foi.”

(Manuel Bandeira. Discutindo Literatura, ano 2, nº 7).

* cafard : fig: estado de depressão

Na conclusão desse texto de memória em que Manuel Bandeira nos conta sobre a criação do seu famoso poema "Vou-me embora pra Pasárgada", lê-se: "A esse aspecto Pasárgada é toda a vida que podia ter sido e que não foi."

Assinale a alternativa que traduz o sentido dessa frase conclusiva:

A

O poeta gostaria de ter vivido na cidade fundada por Ciro, o Antigo, nas montanhas do sul da Pérsia.

B

O sofrimento do poeta ao recordar passagens de sua infância, centrada na figura de Rosa, sua ama-seca mulata.

C

O viver em Pasárgada durante alguns anos não pode ser estendido ao longo da vida do poeta.

D

A frustração do poeta por não ter tido uma vida saudável para desfrutar os prazeres comuns do cotidiano; por isso sua utopia: Pasárgada.