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A Cachoeira de Paulo Afonso, de Castro Alves, compreende uma série de 33 poemas que enc...

A Cachoeira de Paulo Afonso, de Castro Alves, compreende uma série de 33 poemas que encenam o drama trágico de Maria e Lucas em meio à sublime natureza sertaneja. O poema “Lucas”, cuja primeira estrofe foi transcrita abaixo, encontra-se no proêmio do poema, que se incumbe da apresentação do protagonista e do ambiente no qual a narrativa se desenvolve.

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LUCAS

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QUEM FOSSE naquela hora,

Sobre algum tronco lascado

Sentar-se no descampado

Da solitária ladeira,

Veria descer da serra,

Onde o incêndio vai sangrento,

A passo tardio e lento,

Um belo escravo da terra

Cheio de viço e valor...

Era o filho das florestas!

Era o escravo lenhador!

Que bela testa espaçosa,

Que olhar franco e triunfante!

E sob o chapéu de couro

Que cabeleira abundante!

De marchetada jiboia

Pende-lhe a rasto o facão...

E assim... erguendo o machado

Na larga e robusta mão...

Aquele vulto soberbo,

- Vivamente alumiado, -

Atravessa o descampado

Como uma estátua de bronze

Do incêndio ao fulvo clarão.

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(ALVES, Castro. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1997, p. 321)

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Sobre os recursos estilísticos mobilizados no texto em análise, são feitas as seguintes afirmações:

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I. Da “testa espaçosa” e mirada “triunfante”, passando pelo chapéu de couro, a vasta cabeleira até o adereço de pele de jiboia que lhe prende o facão, o olhar do leitor é guiado ao longo de detalhes descritivos do personagem, selecionados pelo eu lírico.

II. A presença de Lucas, em andar calmo e demorado, diante de cenário luminoso, evoca as noções de destemidez e resiliência. Como uma fortaleza tanto moral quanto física, Lucas é descrito pelo eu lírico, num dístico que condensa as qualidades do personagem: “Um belo escravo da terra/Cheio de viço e valor...”.

III. A aura ígnea constituída ao entorno da figura de Lucas lhe confere altivez e nobreza, corroboradas pelo símile da “estátua de bronze”, que eleva o escravo à condição de figura ilustre, objeto das artes plásticas.

IV. O tempo verbal do presente predomina, assim como a colocação dos advérbios de lugar e tempo. O discurso é marcado por locuções vocativas e apóstrofes que convertem a exposição de Lucas em sublime emoção.

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Para compor uma adequada análise crítica do texto, é correto o que se afirma em

A

I, apenas.

B

I e II, apenas.

C

III e IV, apenas.

D

I, II e III, apenas.

E

I, II, III e IV.