Imagem de fundo

HOMENS DA CARROCINHA Eu detestava os “homens da carrocinha” (...). Quando os via acuand...

HOMENS DA CARROCINHA


Eu detestava os “homens da carrocinha” (...). Quando os via acuando um cão – dois e três homens, armados de laços, contra pobre e indefeso animal – sentia ódio dos covardes. Muitas vezes agarrava-me ao bichinho, sem jamais tê-lo visto antes, para evitar que fosse laçado.

Uma vez, enquanto os laçadores, distraídos no afã de alcançar sua presa, correndo em disparada, distanciaram-se deixando a carrocinha repleta e desprotegida, Tito, um amigo e eu aproveitamos a ocasião para, num abrir e fechar de olhos, abrirmos a porta da jaula, soltando os cães que nos acompanharam em desabalada carreira. Temendo ser perseguida, olhei para trás e divisei um cãozinho, todo aparvalhado, sem saber que rumo tomar, onde meterse. Voltei rapidamente e agarrei-o a tempo de impedir que fosse laçado novamente pelos homens encolerizados. Esbravejando, eles avançavam em minha direção, dispostos a arrebatar-me o animal:

– Este cachorro é meu! – gritei, chorando, o animalzinho apertado contra o peito. – Ninguém leva o meu cachorro!

As pessoas paradas em torno da disputa tomavam minha defesa, não escondendo sua animosidade contra os “inimigos”, que não tiveram outra alternativa senão desistir. Eu já era sua conhecida de aventuras passadas e por isso me detestavam. Se pudessem me laçariam também, como aos cães.

Zélia Gattai, Anarquistas, graças a Deus.


A pessoa que conta a história:

A

não participa da história.

B

é um dos "homens da carrocinha."

C

participa da história.

D

é uma das pessoas que ficaram paradas diante da disputa.

E

é um irmão de Tito.