Imagem de fundo

TEXTO 1 Achar que a educação é o único e o melhor caminho para a mobilidade social é um...

TEXTO 1

Achar que a educação é o único e o melhor caminho para a mobilidade social é uma coisa tão óbvia que dá para desconfiar. Trata-se de unanimidade. Acreditar que a educação é a única alternativa para o conhecimento é desperdício. Todos admitem saber disso. Se a premissa é verdadeira, por que no Brasil essa questão nunca foi resolvida?

Os resultados apontam que a educação pela educação não tem sido o melhor caminho para a salvação. Principalmente, quando se trata da população de baixa renda. É claro que estamos tratando de educação como política de inclusão social, e não de exclusão, tal como a vigente no país.

A realidade tem mostrado que qualquer solução que coloque a educação como um programa-mãe de um sistema de políticas sociais transformadoras deve empacar nas deploráveis condições de vida em que se encontram as grandes massas, vítimas do desemprego, da miséria e da violência.

As estatísticas oficiais do governo e de organismos internacionais, como a ONU e o Banco Mundial, mostram que o nível de pobreza no mundo e, particularmente no Brasil, tem piorado; e, o que se vê a olho nu comprova que a mobilidade social inexiste. As favelas continuam a crescer para cima e para os lados. […]

Independentemente dos discursos oficiais, para que haja, efetivamente, inclusão social, qualquer programa estruturador tem que levar em conta, acima de tudo, as atuais condições socioeconômicas da população. […] Qualquer política pública de restauração da dignidade humana, que tenha a educação como vetor de mobilidade social, esbarrará na iníqua e perversa distribuição de renda; na ausência de um programa de habitação e saneamento básico que crie moradias seguras, higiênicas e com espaço para se viver com o mínimo de dignidade; e, nas precárias condições físico-biológicas para a aprendizagem, considerando os graus de insuficência alimentar da população. E que não se venha com exemplos de outros países, pois a realidade de contexto de cada caso é deveras diferente. […]

Assim, para que os programas sociais determinantes da mobilidade social germinem, além das pré-condições de estrutura e funcionamento com qualidade, faz-se imprescindível que o povo tenha as condições sociais básicas para assimilar seu conteúdo. Caso contrário, […] continuamos a ter programas educacionais que legitimam a exclusão, e cujos resultados para a sociedade continuarão sendo a mobilidade social zero.

Carlos Alberto Fernandes.

In: Continente Multicultural, n° 31, julho/2003, p.7. Adaptado.



O texto 1 tem, prioritariamente, a função de:

A

informar os leitores dos fatos mais recentes sobre os programas educacionais no país.

B

explicar, pela análise minuciosa de dados objetivos, as causas da exclusão social no Brasil.

C

comentar criticamente as políticas educacionais adotadas no Brasil

D

instruir os políticos brasileiros, apontando soluções para que a educação propicie a inclusão social.

E

propagar os novos programas sociais que promovem a mobilidade social.