Meu amigo Pedro Nava, ou melhor, o Dr. Pedro Nava, é um grande poeta brasileiro que também é médico. Um olho clínico, como dizem seus colegas. E eu digo amém, porque Pedro Nava é o meu médico. Já me diagnosticou uma apendicite, e guardo bem a lembrança – a última lembrança ao ser anestesiado – de seu olho clínico posto em tristeza diante da possibilidade de um trespasse meu. Pedro Nava, sendo como é meu amigo, contou-me mais tarde o medo que tivera que eu morresse, não tanto porque fosse seu paciente, mas porque era seu amigo. É verdade que se morre muito nesse negócio de operação, por mais que o cirurgião seja hábil, como era no meu caso. Tive um medo póstumo, quando o poeta me fez ver essa possibilidade.
Em consonância com a compreensão global do texto Encontros e com especial atenção ao papel desempenhado pelos verbos na organização textual, é CORRETO afirmar, ainda sobre o primeiro parágrafo, que:
o enunciador do texto estabelece o ponto de vista de um tempo presente a partir do qual certos episódios são rememorados e certas referências são feitas ao futuro
a forma verbal "tivera" denuncia a antecedência de um evento ocorrido no passado em relação a outro evento também passado
o enunciador do texto está envolvido nos acontecimentos passados que são contados e, portanto, coloca-se contando tais fatos a partir de um ponto de vista pretérito no tempo histórico
o enunciador do texto conta eventos que presumivelmente ocorreram ou ocorrem em diversos momentos do tempo histórico, mas conta-os em um tempo mítico, ou ficcional, pois se trata de um texto literário
o enunciador apresenta os fatos considerando-os na sua realidade, ou na sua certeza, através da nomeação de uma pessoa real e do recurso ao tempo passado, embora abdique do modo indicativo