Paciente D. G. F., 40 anos de idade, sexo feminino, vítima de acidente automobilístico ...

Paciente D. G. F., 40 anos de idade, sexo feminino, vítima de acidente automobilístico com três óbitos no local, foi admitida em UTI após a estabilização do quadro de traumatismo cranioencefálico grave. Ela segue estável hemodinamicamente sem uso de drogas vasoativas, com necessidade de suporte ventilatório e sem sedação há 48 horas. O laboratório clínico não aponta distúrbios hidroeletrolíticos e metabólicos, a gasometria arterial está dentro dos parâmetros de normalidade, temperatura central é de 36,5 °C e PAM = 80 mmHg.

Com base nesse caso clínico e considerando os preceitos legais e as Diretrizes para Avaliação e Validação do Potencial Doador de Órgãos em Morte Encefálica, assinale a alternativa correta.

A

A paciente é classificável como elegível para a doação, pelos critérios da Organização Mundial de Saúde. Essa denominação descreve aquele paciente sob suspeita de morte encefálica, que apresenta lesão encefálica, grave ou catastrófica de origem conhecida, e Glasgow 3 na escala de coma, e que necessita de ventilação mecânica.

B

A sepse sempre contraindica a doação de órgãos. O potencial doador que se apresente séptico, mesmo com estabilidade hemodinâmica e (ou) redução progressiva de vasopressores, não pode ser doador, pelo fato da transmissibilidade da infecção.

C

A morte encefálica pode ser definida objetivamente por coma aperceptivo com ausência de atividade motora espinal, ausência de reflexos de tronco e apneia. Destaca-se que o paciente deve apresentar lesão encefálica de causa conhecida, irreversível e capaz de provocar o quadro, ausência de evidências de intoxicação exógena ou de uso de drogas depressoras do sistema nervoso central (SNC), ausência de distúrbios hidroeletrolíticos ou acidobásicos graves, temperatura corporal central idealmente ≥ 35 ºC e PAM ≥ 60 mmHg.

D

O diagnóstico de morte encefálica deve ser confirmado por, no mínimo, dois médicos, sendo um deles especialista em neurologia ou neurocirurgia. O intervalo mínimo entre as duas avaliações clínicas necessárias para a caracterização da morte encefálica varia conforme a faixa etária, sendo para adultos o intervalo de seis horas. Não exclui o diagnóstico de morte encefálica a ocorrência de reflexos flexores ou extensores, podendo considerar-se o uso de bloqueadores neuromusculares na prevenção destes durante a estimulação.

E

A causa do coma aperceptivo e arreflexo pode ser imputada aos medicamentos depressores do SNC, mesmo quando utilizados em doses terapêuticas usuais. Um dos exemplos a ser ponderado é o uso do fenobarbital enteral e da dexmedetomidina.