Nossa época é uma época de inquietação e indiferença – ainda não formuladas de modo a permitir que sobre elas se exerçam a razão e a sensibilidade. Ao invés de problemas – definidos em termos de valores e ameaças – há com frequência a miséria da inquietação vaga; ao invés das questões explícitas, há com frequência o sentimento desanimador de que algo não está certo.
(MILLS, Charles Wright. A Imaginação Sociológica. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1982, p. 18)
Wright Mills notabilizou-se por interpretar a pesquisa sociológica como um “artesanato intelectual”, assim como por empreender uma crítica àquilo que denominava de “grande teoria”. Dentre os procedimentos metodológicos preconizados pelo autor, destaca-se a
elaboração de um vocabulário de termos técnicos sociológicos, de maneira a permitir uma comunicação fundada em bases consensuais, estabelecidas pela categoria profissional.
imperiosidade do trabalho de campo e a rejeição da “sociologia de gabinete”.
prevalência da consideração dos processos microssociológicos nos quais o sociólogo pudesse interagir com seu objeto, reservando-se um papel minoritário ao exame das estruturas sociais e dos processos históricos.
recusa da teoria em favor da observação dos fenômenos imediatos e da pesquisa empírica em geral, como fontes exclusivas do conhecimento.
integração entre as experiências pessoais de vida e o trabalho teórico, assim como entre a biografia do pesquisador e a história.