A arte de imitar está muito afastada da verdade, sendo que por isso mesmo dá a impressão de poder fazer tudo, por só atingir parte mínima de cada coisa, simples simulacro. O pintor, digamos, é capaz de pintar um sapateiro, um carpinteiro ou qualquer outro artesão, sem conhecer absolutamente nada das respectivas profissões. No entanto, se for bom pintor, com o retrato de um carpinteiro, mostrado de longe, conseguirá enganar pelo menos crianças ou pessoas simples e levá-las a imaginar que se trata de um carpinteiro de verdade.
(PLATÃO. A República (Livro X). In: MARÇAL, Jairo (org.). Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED, 2009. p. 558.)
Sobre a relação entre arte e verdade, assinale a alternativa correta, segundo o pensamento platônico.
As obras de arte estão distanciadas três graus da realidade, e, por isso, estão muito distantes da representação da verdade.
Não poderíamos nos aproximar da verdade por meio das obras de arte, uma vez que elas apresentam somente uma representação das ideias.
Existe um valor positivo da arte imitativa, mas no âmbito da cidade ela era corrosiva, pois, em relação à verdade, desloca a atenção que a política necessitava.
As obras de arte são necessárias para uma aproximação da verdade, mas apenas no âmbito privado, negando dessa forma, sua função na cidade e, portanto, deveriam ser excluídas.