[…] o ritmo histórico da Idade Média foi se acelerando, e com ele nossos conhecimentos sobre o período. Sua infância e adolescência cobriram boa parte de sua vida (séculos IV-X), no entanto as fontes que temos sobre elas são comparativamente poucas. Sua maturidade (séculos XI-XIII) e senilidade (século XIV-XVI) deixaram, pelo contrário, uma abundante documentação.
(Hilário Franco Júnior, A Idade Média, nascimento do ocidente)
Segundo Franco Júnior, na Baixa Idade Média (século XIV-meados do século XVI), em relação aos trabalhadores rurais, a crise do século XIV
permitiu que os servos da gleba ganhassem o direito, com a decisiva anuência da Igreja, de romper as relações com seus senhores feudais e estabelecer novas relações com outros senhores de terra, em especial nas regiões que receberam a presença dos invasores árabes.
manifestou-se de dupla forma: com o retrocesso demográfico e econômico acelerou o processo de recuo da servidão e o ressurgimento de um campesinato livre; e, em certas regiões, sobretudo na Inglaterra, o campesinato viu-se diante do revigoramento dos laços de dependência.
potencializou vários acordos dos camponeses com os senhores feudais, a partir da mediação eclesial e dos nascentes Estados Nacionais, que diminuíram o rigor e a amplitude das obrigações servis, o que permitiu um acesso mais fácil às terras em toda a Europa Oriental.
reforçou, especialmente nas nações formadas na península Ibérica, os laços de dependência dos servos em relação aos senhores feudais, que passaram a exigir novas obrigações senhoriais, além de estender, para o espaço urbano, mecanismos de exploração do trabalho.
reforçou uma estrutura social caracterizada pela existência de ordens, com frágeis mecanismos de mobilidade, condição derivada de uma doutrina da Igreja que preconizava que a cada homem cabia seguir o destino atribuído pela vontade divina, ou seja, ou rezar, ou guerrear ou trabalhar.