Quando inventariamos as lutas dos escravos brasileiros durante os quase quatrocentos anos de regime escravista, uma coisa deve ser ressaltada para se compreender melhor a forma como o trabalho livre foi extinto no Brasil: nunca houve um entrosamento mais profundo entre essas lutas e o movimento abolicionista. Pelo contrário, os quilombolas e os insurretos urbanos nunca tiveram seu apoio. Se um Luís Gama - filho de negra rebelde - afirmava que o escravo que matava o seu senhor praticava um ato de legítima defesa, o que era normal, no entanto, entre aqueles que participavam do movimento abolicionista era justamente afastá-lo da efervescência das senzalas. Joaquim Nabuco dizia textualmente: "A propaganda abolicionista, com efeito, não se dirige aos escravos. Seria uma cobardia, inepta e criminosa, e, além disso um suicídio político para o partido abolicionista, incitar à insurreição ou ao crime homens sem defesa e que a Lei de Linch, ou a justiça pública, imediatamente haveria de esmagar''. E diz mais, justificando esta posição oportunista: "Suicídio político porque a nação inteira, vendo uma classe, e é essa a mais influente e poderosa do Estado, exposta à vingança bárbara e selvagem de uma população mantida até hoje ao nível dos animais cujas paixões, quebrando o freio do medo, não conheceriam limites no modo de satisfazer-se, pensaria que a necessidade urgente era salvar a sociedade a todo custo por um exemplo tremendo e este seria o sinal de morte do abolicionismo".
(MOURA, Clóvis. Os quilombos e a rebelião negra. Brasiliense, 1987 .p. 79-80)
De acordo com Clóvis Moura, assinale a alternativa correta.
Os escravos eram vistos pela aristocracia abolicionista como seres que não dispunham de consciência social sobre a própria realidade à qual estavam submetidos.
Havia poucas revoltas e insurreições dos negros escravizados que justificassem a insatisfação com as condições existentes.
A maioria dos abolicionistas desejava uma mudança imediata para a situação dos negros no país visto que a nação estava atrasada.
Os abolicionistas radicais tinham grande influência no Parlamento, enquanto os moderados tinham grande influência nos jornais.
A relação entre os escravos e seus senhores era caracterizada como amistosa e pacífica, fato que justificou a duração da escravidão.