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Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,Que viva de guardar alheio gado;De tosco trato, de ...

Questão 23

Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,

Que viva de guardar alheio gado;

De tosco trato, de expressões grosseiro,

Dos frios gelos, e dos sóis queimado.

Tenho próprio casal, e nele assisto;

Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;

Das brancas ovelhinhas tiro o leite,

E mais as finas lãs, de que me visto.

Graças, Marília bela,

Graças à minha Estrela!


Eu vi o meu semblante numa fonte,

Dos anos inda não está cortado:

Os pastores, que habitam este monte,

Respeitam o poder do meu cajado.

Com tal destreza toco a sanfoninha,

Que inveja até me tem o próprio Alceste:

Ao som dela concerto a voz celeste;

Nem canto letra, que não seja minha,

Graças, Marília bela,

Graças à minha Estrela!


Tomás Antônio Gonzaga. Lira I. In: Domício Proença Filho.

A poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996. p. 573.


Considerando-se as características do poema apresentado, é correto afirmar que ele pertence ao

A

pós-modernismo, por utilizar técnicas como a sátira e o pastiche.

B

parnasianismo, por tratar de objetos poéticos de forma distanciada.

C

barroco, por explorar dualidades na alma do eu lírico.

D

arcadismo, por representar o poeta e sua amada em um ambiente pastoril e idílico.

E

modernismo, por quebrar as tradições do verso em língua portuguesa.