Uma paciente de 75 anos, com quadro de ascite a esclarecer, foi submetida à laparoscopia para elucidação diagnóstica. Durante a cirurgia foram observados inúmeros implantes tumorais no peritônio, cujo exame patológico intraoperatório sugeriu o diagnóstico de adenocarcinoma metastático. Os exames de imagem realizados no pré-operatório e a inspeção da cavidade abdominal durante a cirurgia não evidenciaram tumor primário. O estudo histopatológico demonstrou neoplasia maligna de células epitelioides com padrão arquitetural túbulo-papilar e infiltrativo, notando-se frequentes psamomas. Com relação ao caso descrito, pode-se afirmar que:
o mesotelioma maligno peritoneal é uma neoplasia de alta incidência na população, diagnosticado em casos de ascite neoplásica sem neoplasia primária concomitante em outro órgão.
a presença de psamomas afasta o diagnóstico de mesotelioma maligno.
a ausência de lesão tumoral ovariana associada aos implantes neoplásicos peritoneais observados afasta o diagnóstico de carcinoma seroso papilar.
caso o estudo imuno-histoquímico demonstre positividade para Ber-EP4 e receptores de estrogênio, o diagnóstico de carcinoma seroso papilar primário do peritônio deve ser considerado.
as características clínicas e microscópicas da neoplasia desfavorecem o diagnóstico de mesotelioma maligno peritoneal.