Ferreira Gullar (1930-2016) foi um grande poeta e pensador da arte brasileira. Dentre suas importantes contribuições, destacou-se como porta-voz do neoconcretismo. O trecho a seguir foi extraído do seu Manifesto Neoconcreto, publicado em 1959 no Suplemento Dominical do Jornal do Brasil:
“Nascida com o cubismo, de uma reação à dissolvência impressionista da linguagem pictórica, era natural que a arte dita geométrica se colocasse numa posição diametralmente oposta às facilidades técnicas e alusivas da pintura corrente. As novas conquistas da física e da mecânica, abrindo uma perspectiva ampla para o pensamento objetivo, incentivariam, nos continuadores dessa revolução, a tendência à racionalização cada vez maior dos processos e dos propósitos da pintura. Uma noção mecanicista de construção invadiria a linguagem dos pintores e dos escultores, gerando, por sua vez, reações igualmente extremistas, de caráter retrógrado, como o realismo mágico, ou irracionalista, como Dadá e o surrealismo”.
A respeito do neoconcretismo e seu contexto histórico, assinale a alternativa correta:
Um dos pontos cruciais da ruptura do neoconcretismo com o concretismo pautava-se na crítica ao racionalismo e no resgate da valorização da subjetividade; o movimento surgia num momento em que Brasília estava prestes a ser inaugurada e os pressupostos da modernidade também produziam seus efeitos na arte.
De caráter universalista, a arte neoconcreta prezava a criação coletiva. Na pintura, negava a cor como elemento sensual da imagem; o Manifesto Neoconcreto serviu como abertura da 1ª Exposição de Arte Neoconcreta, realizada em 1959 no MAM/RJ.
Ferreira Gullar defendia que a poesia neoconcreta devolvia à palavra sua “condição de verbo”, ao mesmo tempo que prezava o que chamava de “matematicalização da poesia”; o neoconcretismo surgiu de uma discordância de um grupo paulista de artistas em relação ao concretismo.
A Teoria do Não-Objeto de Ferreira Gullar foi fundamental para a criação de obras da artista Lygia Clark, dentre as quais destaca-se sua série “Bichos”; a arte neoconcreta prezava a criação coletiva, assimilando o princípio universalista da modernidade.
O neoconcretismo prezava o realismo total e a integração da arte na vida cotidiana, em contraposição ao hedonismo, subjetivismo e a uma forjada cultura nacional de caráter romântico; na pintura, o neoconcretismo prezava a abstração geométrica e a negação da cor.