A Psicologia Escolar Crítica desenvolveu-se, no Brasil, principalmente a partir da década de 1980. Teve como maior contributo teórico o estabelecimento de uma nova relação entre a Psicologia e a Educação, na tentativa de superar abordagens biologizantes e centradas na patologização do fenômeno educativo. Até então as explicações para a não-aprendizagem e/ou aprendizagem precária de alunos das classes populares, nas escolas públicas, estavam centradas nas crianças e seus supostos déficits de ordem biológica, psicológica ou emocional. A temática foi abordada no quarto capítulo da obra “Psicologia e Educação: desafios teórico-práticos” (TANAMACHI et. al., 2000), em que se afirma ser necessário assumir um referencial teórico que articule a subjetividade e a realidade social dos alunos, considerado o contexto da sociedade de classes, na qual as crianças são tratadas de acordo com a classe social que integram.
Com base em tais premissas assinale a alternativa correta:
As crianças devem ser entendidas como indivíduos que se desenvolvem ou não, a partir dos elementos da cultura que o meio sociocultural lhes oferece, não apenas de modo concreto e objetivo, mas considerando-se os processos de raciocínio que a humanidade construiu ao longo do processo de evolução.
O enfoque no tratamento dos problemas e distúrbios de aprendizagem permite superar a lógica que atribui aos indivíduos a responsabilidade pela não-aprendizagem ou aprendizagem precária. Tais problemas de aprendizagem devem ser levados em consideração, acima do processo de escolarização em si, na tentativa de superação do problema.
A precariedade do processo de escolarização (que inclui entre outros fatores a formação deficitária dos professores e as relações hierarquizadas e burocratizadas na escola) explica a não-aprendizagem e a aprendizagem precária dos alunos, excluindo-se, portanto, a influência dos elementos de natureza biológica ou psicológica.
Crianças de classes populares em geral têm como origem famílias desestruturadas, com poucas experiências escolares ou nenhuma, em alguns casos, o que explica a não-aprendizagem. A escola deve estar apta a promover um processo de adaptação dessas crianças ao ambiente escolar, evitando repetência, exclusão e rotulação.