Com o advento da internet e a popularização do computador, as linguagens artísticas viram-se desafiadas a reelaborar suas formas e meios de comunicação. A tecnologia estabelece novas relações do homem com as noções de tempo e espaço, com base em propostas estéticas que consideram a interatividade como componente. O teatro, como reflexo do meio onde acontece, não se furta a essas mudanças, absorvendo elementos tecnológicos dos mais variados.
O que ocorre aqui é uma intensificação e uma desconstrução do teatro em vários níveis. Por um lado, o teatro “vivo” é posto em suspensão e passa a ser uma ilusão, um efeito de uma máquina de efeitos. Por outro lado, experimenta-se, na atmosfera intensa e vital do trabalho, uma tendência inversa: a tecnologia das mídias é teatralizada.
LEHMANN, Hans Thies. Teatro pós-dramático.São Paulo: Cosac Naify, 2001, p. 384.
Sobre as relações entre teatro e mídias digitais, com base em Lehmann, é correto afirmar que
a realidade teatral é definida pelo processo de comunicação, portanto, altera-se de maneira fundamental pela adição de recursos digitais.
há um processo de inversão, no qual as mídias digitais ocupam um lugar central que redefine a linguagem cênica, pondo o teatro em posição coadjuvante.
em se tratando da recepção, o uso de mídias no teatro faz surgir no espectador uma incerteza sobre quais imagens são reais, gerando instabilidade.
o mecânico, a reprodução e a reprodutibilidade tornam-se material de representação e devem servir da melhor maneira possível à atualidade do teatro.