Leia o texto abaixo:
Maria da Vila Matilde
(Douglas Germano)
Cadê meu celular?
Eu vou ligar prum oito zero
Vou entregar teu nome
E explicar meu endereço
Aqui você não entra mais
Eu digo que não te conheço
E jogo água fervendo
Se você se aventurar
Eu solto o cachorro
E, apontando pra você
Eu grito: péguix guix guix guix
Eu quero ver
Você pular, você correr
Na frente dos vizinhos
Cê vai se arrepender de levantar a mão pra mim
E quando o samango chegar
Eu mostro o roxo no meu braço
Entrego teu baralho
Teu bloco de pule
Teu dado chumbado
Ponho água no bule
Passo e ofereço um cafezim
Cê vai se arrepender de levantar a mão pra mim (…)
E quando tua mãe ligar
Eu capricho no esculacho
Digo que é mimado
Que é cheio de dengo
Mal acostumado
Tem nada no quengo
Deita, vira e dorme rapidinho
Você vai se arrepender de levantar a mão pra mim (...)
Valendo-se da informação que o número “180” corresponde ao canal de denúncia da Secretaria de Políticas para as Mulheres, a canção acima, composta por Douglas Germano e interpretada por Elza Soares:
Trata de uma pessoa que teve seu celular roubado e procura auxílio para recuperá-lo, evidenciado na frase: “cadê meu celular”.
Retrata uma mulher que expulsa seu marido de casa, impedindo-o de voltar devido ao seu mau comportamento nas funções domésticas, quando alega que ele “deita, vira e dorme rapidinho”.
Relata uma mulher que foi violentada e busca ser atendida pelo serviço de proteção, denunciando seu parceiro e agressor, e que aguarda que as devidas medidas sejam tomadas, como se pode observar pela frase “você vai se arrepender de levantar a mão pra mim”.
Trata da denúncia de uma pessoa viciada em jogo e que, por praticar a atividade de maneira ilegal, foi ameaçada, como se pode observar no seguinte trecho: “entrego teu baralho, teu bloco de pule, teu dado chumbado”.
Retrata o caso de uma mulher com distúrbios psiquiátricos, com pouca capacidade comunicativa, evidenciada na frase: “eu grito: péguix guix guix guix”.