Ao tratar do enunciado como unidade da comunicação discursiva, Mikhail Bakhtin diz, em Estética da criação verbal, que “o falante não é um Adão”.
O que o autor quis dizer com essa afirmação?
O enunciado é um elo na cadeia da comunicação discursiva e não pode ser separado dos elos precedentes e subsequentes dessa cadeia.
Há enunciados que respondem aos enunciados de outros que o antecederam, outros não; estes rompem um elo na cadeia da comunicação discursiva.
O falante está relacionado com “objetos virgens”, ou seja, ainda não nomeados, e a tais objetos dá nome pela primeira vez.
O enunciado tem autoria e destino; a autoria é de um sujeito falante relacionado com o gênero feminino, enquanto o destinatário pode ser qualquer participante-interlocutor.
O objeto do discurso do falante, seja esse objeto qual for, torna-se pela primeira vez objeto do discurso em um dado enunciado.