Péricles e a democracia ateniense
Depois de sua morte [Péricles] foi ainda mais admirado pelo valor de suas previsões quanto à mesma de fato, ele havia aconselhado os atenienses a manterem uma política defensiva, a cuidarem de sua frota e a não tentarem aumentar o seu império durante a guerra. Eles, porém, agiram contrariamente a tudo isto e, mais ainda, em assuntos aparentemente alheios à guerra foram levados por ambições pessoais e cobiça a adotar política nociva a si mesmos e aos seus aliados; enquanto produziram bons resultados, tais políticas trouxeram honras e proveitos somente a cidadãos isolados, mas quando começaram a fracassar foram altamente prejudiciais a toda a cidade na condução da guerra. A razão do prestígio de Péricles era o fato de sua autoridade resultar da consideração de que gozava e de suas qualidades de espírito, além de uma admirável integridade moral; ele podia conter a multidão sem lhe ameaçar a liberdade, e conduzi-la ao invés de ser conduzido por ela, pois não recorria à adulação com o intuito de obter a força por meios menos dignos; ao contrário, baseado no poder que lhe dava a sua alta reputação, era capaz de enfrentar até a cólera popular. Assim, quando via a multidão injustificadamente confiante e arrogante, suas palavras a tornavam temerosa, e quando ela lhe parecia irracionalmente amedrontada, conseguia restaurar-lhe a confiança. Dessa forma. [...]
(Filosofia Política/Política e Democracia TUCIDIDES. História da Guerra do Peloponeso, Livro II. In PLATÃO. A República. Livro VII. Brasilia, Ed. Univ. de Brasília, 1985, p. 88-89.In.: ARANHA, 2016.)
Também conhecido como a “Idade de Ouro de Atenas”, ou Período Clássico, foi uma época histórica de grande desenvolvimento da cidade de Atenas. Este período corresponde ao século V a.C. da história da Grécia Antiga, principalmente aos anos em que Péricles governou Atenas. Péricles, entre várias das suas ações, foi o responsável:
Pela permissão da participação de cidadãos atenienses e filhos de atenienses e maiores de 21 anos nas assembleias, onde se decidiam, praticamente, todos os âmbitos da vida social de Atenas.
Por mandar fazer grandes obras públicas, como o Partenon, o Propileus e a Muralha Longa. Além disso, defendeu a meritocracia e aperfeiçoou o sistema político implantado pelo legislador Clístenes.
Por decretar o fim da escravidão por dívidas e a libertação de todo ateniense que fosse alvo dessa prática. Além disso, dividiu a população em faixas de renda e criou novas instituições políticas como a Bulé e a Eclésia.
Pela transformação das estruturas políticas sociais e econômicas da cidade-estado Atenas, tendo instituído o ostracismo, que era a suspensão dos direitos políticos do cidadão ateniense quando ocorria um desrespeito à democracia.