Segundo Epicuro, a felicidade consiste no prazer, definido como ausência de dor. Pode-se perguntar: como é possível ficar feliz diante da ameaça constante da morte? A esse questionamento, o filósofo assevera:
“Donde um correto conhecimento de que a morte nada é para nós faz da vida mortal algo apreciável, não por adicionar tempo infinito, e sim por suprimir o anseio de imortalidade”. (EPICURO. Cartas & Máximas principais: “Como um deus entre os homens”. São Paulo: Penguim, Companhia das Letras, 2020, p. 62).
Por que, para Epicuro, o mal residiria nas sensações?
Para Epicuro, materialista, a sensação é uma relação entre corpos. A dor é a sensação de prejuízo para o corpo. A morte, pondo fim ao corpo, também encerra as sensações e toda possibilidade de sofrimento.
Para Epicuro, as sensações nos informam sobre os prazeres baixos, que se obtém da materialidade. A verdadeira felicidade estaria na elevação do espírito ao Bem, o qual, sendo inteligível, não é apreendido pelos sentidos.
Porque Epicuro reconhece no corpo um cárcere da alma, pois o cuidado do corpo é tempo tomado da filosofia. Por isso, após a morte, livre das sensações do corpo, o filósofo poderá contemplar a verdade em si mesma.
Porque Epicuro reconhece que os sentidos por vezes nos enganam; ele toma uma atitude cética diante dos sentidos. Eles, enquanto fonte de tormento e engano, seriam também razão de todo erro judicativo.