Leia o trecho seguinte:
A máquina ideológica que sustenta as ações preponderantes da atualidade é feita de peças que se alimentam mutuamente e põem em movimento os elementos essenciais à continuidade do sistema. Damos aqui alguns exemplos. Fala-se, por exemplo, em aldeia global para fazer crer que a difusão instantânea de notícias realmente informa as pessoas. A partir desse mito e do encurtamento das distâncias – para aqueles que realmente podem viajar – também se difunde a noção de tempo e espaço contraídos. É como se o mundo se houvesse tornado, para todos, ao alcance da mão. Um mercado avassalador dito global é apresentado como capaz de homogeneizar o planeta quando, na verdade, as diferenças locais são aprofundadas. (SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro, Record, 2006).
Na visão do autor, o trecho acima pode descrever:
A globalização como perversidade – o mundo como ele é –, nessa vertente de pensamento, o autor conclui que as atrocidades percebidas na atual conjuntura social são elementos de uma perversidade sistêmica enraizada na evolução negativa da humanidade com relações diretas e indiretas com o atual processo de globalização.
Uma outra globalização – o mundo como pode ser –, nessa vertente de pensamento, o autor reflete sobre as bases técnicas e tecnológicas da produção do espaço geográfico, em que atualmente se apoia o grande capital, sendo postas ao serviço de outros fundamentos sociais e políticos, buscando uma globalização mais humana.
A globalização como perversidade – o mundo como ele é –, nessa vertente de pensamento, o autor infere sobre a realidade cruel da globalização, caracterizando-a como uma fábrica de perversidades, em que o desemprego torna-se crônico, a pobreza aumenta, e a classe média perde qualidade de vida.
A globalização como fábula – um mundo que nos fazem crer –, como se a partir das notícias a sociedade se tornasse homogênea e o consumo possível às diversas classes sociais. Nessa vertente, aprofundam-se as diferenças locais, e o sonho de uma cidadania universal verdadeira fica cada vez mais distante.