As invasões patrocinadas pelo governo inglês ao território português no continente americano, segundo algumas pesquisas, não foram raras. As presenças de piratas e corsários ingleses nas costas da América portuguesa, promovendo saques e pilhagens, demonstravam, também, o fato de a Inglaterra ter participado tardiamente do processo de Expansão Marítima e Comercial europeia dos séculos XV e XVI.
"A lenda do corsário vermelho...
As relações entre a Inglaterra e os países ibéricos não eram das melhores no século XVI. As pilhagens dos britânicos aos navios portugueses e espanhóis aumentavam, com a conivência da rainha Elizabeth I (1533 — 1603). Foi neste cenário que um corsário inglês de 23 anos pôde abalar o território americano. Em 26 de dezembro de 1591, Thomas Cavendish, homem de origem nobre, invadiu e pilhou a Vila de Santos, no atua/ estado de São Paulo, onde permaneceu por dois meses.
Conhecido como 'corsário vermelho' por ser um dos invasores que mais provocaram medo, Cavendish traumatizou os habitantes da colónia, tanto os colonos como os índios que ali residiam. Alarmes falsos de novos saques e boatos sobre seu paradeiro rondaram a vila durante meses, mas ele nunca voltou. Enquanto a lenda percorria as mentes dos temerosos, o corsário enfrentava adversidades no sul do continente para alcançar seu verdadeiro objetivo. Atravessaro Estreito de Magalhães. (...) "
(Revista de História da Biblioteca Nacional. P. 86. Ano 7. NO 75. Dezembro de 2011)
Como um dos fatores que explicam a presença de corsários e piratas ingleses ao longo do litoral da América portuguesa, durante o século XVI demonstrando insatisfações da coroa britânica, pode-se destacar:
o interesse inglês em iniciar o processo de colonização em suas terras localizadas no Novo Mundo, antes mesmo da chegada dos portugueses ao continente americano
o interesse inglês na parceria com os portugueses, diante das dificuldades desses no processo de colonização de sua vasta região colonial no continente americano
a não aceitação, por parte do governo inglês, da hegemonia exercida pelos países ibéricos sobre o vasto território americano, assegurada pelo Tratado de Tordesilhas
a parceria predominante já estabelecida entre os piratas e corsários ingleses, junto aos indígenas do então território brasileiro, visando a exploração das riquezas minerais