O que ocorre é que a palavra “documento histórico” era muito empregada desde o século XIX, quando os historiadores utilizavam como fontes de informação e como caminhos de análise, de modo muito mais preponderante, alguns tipos de textos como aqueles produzidos pelas instituições, pelos organismos do Estado e dos poderes constituído; ou, ainda, como as crônicas de época oficiais patrocinadas por estes mesmos poderes, entre outras possibilidades. Essa escolha de fontes era essencialmente orientada por um modelo específico de História Política que perdurou amplamente no primeiro século da historiografia científica. Por causa do amplo predomínio da produção textual no universo que os historiadores tomavam como o seu conjunto de fontes históricas – e também por causa da enfática ideia de prova que estes textos assumiam no trabalho dos historiadores – a designação “documento histórico” surgiu como uma tendência no vocabulário historiográfico, o que inclusive parecia aproximar do trabalho dos juristas o tipo de trabalho que os historiadores desenvolviam. A palavra documento é ela mesma resíduo de um tipo de História que se fazia em um período anterior.
(Fonte: _Histricas._Jos_DAssuno_Barros_ANPUH-RJ_2019.pdf.)
A prática historiográfica foi mudando bastante, o universo de fontes possíveis aos historiadores foi se expandindo e expandiu-se, inclusive, o sentido da palavra “documento”. Nesse contexto, e na atualidade, o uso da expressão “fonte histórica”:
Substitui amplamente a expressão “documento histórico”, uma vez que esta última passa a ser referente apenas aos documentos escritos demarcados pelas instituições oficiais e encontráveis nos arquivos.
Vem dando lugar, nos meios historiográficos, a outras expressões como “vestígios” e “registros históricos”, em uma referência aos aspectos informacional e tecnológico que ganham cada vez mais espaço.
Restringe o uso exclusivo de “texto” (um documento estatal ou uma receita de bolo) a um tipo de pesquisa e o uso de um objeto material ou ainda uma foto ou uma canção, a outro tipo de pesquisa histórica.
É visto como um termo mais fluido que passou a ser empregado alternativamente à palavra “documento” (não excluindo- a), aos conteúdos, materiais, vestígios e indícios, dentre outros, que os historiadores usavam e usam.
Elenca apenas algumas “reálias” com os quais os historiadores costumam trabalhar na sua cuidadosa e obstinada busca de informações, sendo expressões praticamente sinônimas no âmbito mais específico da historiografia.