Os malês protagonizaram a maior das rebeliões escravas ocorridas na Bahia, quiçá no Brasil, mas também a última. Esses rebeldes realizaram o levante como uma rebelião escrava, mas também étnica e religiosa [...]. O levante fracassou por diversas razões. O mais grave, para eles [os rebeldes], porém, foi que seus inimigos eram muitos e se uniram: toda a população livre da Bahia – branca e negra, rica ou miserável – se articulou, por laços de interesse, solidariedade ou medo, contra a insurreição africana.
(Lilia Moritz Schwarcz, 2015. p. 257.)
Mobilizando cerca de 600 africanos escravizados que lutaram pela sua liberdade, nessa revolta:
Apesar de apoiados por africanos não muçulmanos, que também entraram na luta, os malês foram os responsáveis por planejar e mobilizar os rebeldes.
Todos os africanos na Bahia, de uma forma ou de outra, participaram da revolta; no entanto, autoridades só perseguiram aqueles comprovadamente malês.
A identidade religiosa foi importante para deslanchar o movimento, mas o mais importante era a identidade étnica dos participantes, que só poderiam ser malês.
Os negros nascidos no Brasil também participaram, mas foram traídos, já que o objetivo era que a Bahia malê fosse uma nação africana tendo à frente os muçulmanos.
Uma outra revolta interna se travou: a dos negros devotos de uma maneira geral, dos devotos dos orixás que não admitiam de modo algum qualquer outra espécie de devoção.