Leia o trecho a seguir.
Testemunhas da execução de Carlos I afirmaram que, após a cabeça do rei ser cortada, a multidão que assistia emitiu um longo e profundo gemido coletivo. Nesse momento sem palavras, podemos começar a imaginar as consequências culturais do regicídio. Quase todos os escritores sobre casamento e família do século anterior haviam traçado a equação habitual entre o domínio do pai sobre sua família e o domínio do rei sobre seus súditos. Cada um refletia o outro, e cada um funcionava para sustentar a autoridade do outro. Para nós, a metáfora é apenas uma comparação, mas no período moderno inicial, as semelhanças ainda falavam de alguma identidade comum ou compartilhada. Dizer que a família era como o Estado e vice-versa implicava um tipo de conexão entre os dois que não conseguimos mais imaginar plenamente. Executar o rei implicava um desafio à autoridade dos pais em todo o país.
Adaptado de: FISSELL, Mary. Vernacular Bodies: The politics of reproduction in early modern England. Oxford: Oxford University Press, 2004, p. 164.
Com base na leitura do trecho, assinale a opção que apresenta corretamente a interpretação da autora sobre o regicídio ocorrido na Guerra Civil da Inglaterra e seus impactos culturais.
A autora compreende a morte do monarca como um marco político, que representou mudanças nas percepções populares sobre o domínio privado.
A autora compreende a fatalidade da morte do rei como um desafio para a soberania da Inglaterra, por se tratar de uma questão exclusivamente política.
A autora compreende a execução do monarca como um momento de crise, que resultou na reafirmação das tradições culturais, utilizadas para criar uma sensação de segurança.
A autora compreende a morte do rei como um marco da estabilidade cultural e política na Inglaterra, pois foi motivada pelo desejo da população.
A autora compreende o assassinato do monarca como um evento que reflete a apatia da população inglesa, que se mantinha alheia aos acontecimentos políticos.