Sobre a História e o conceito de memória, é incorreto afirmar que:
a memória é vida, sempre carregada por grupos vivos e, nesse sentido, ela está em permanente evolução, aberta à dialética da lembrança e do esquecimento, inconsciente de suas deformações sucessivas, vulnerável a todos os usos e manipulações, susceptível de longas latências e de repentinas revitalizações, ou seja, o ser humano é o único responsável pela construção de suas memórias, com a história não "espelhando" as memórias do ser.
a memória tem uma relação direta, afetiva com o passado, visto que ela é, antes de tudo, memória individual, lembrança pessoal de acontecimentos vividos. Para empregar a expressão de Paul Ricoeur, há um fenômeno de “reconhecimento”, mas, sem paradoxo algum, o que se faz constitutivo da memória é o “esquecimento”. A memória é terrivelmente seletiva e se concentra sobre alguns fatos.
a memória é uma construção psíquica e intelectual que acarreta, de fato, uma representação seletiva do passado, que nunca é somente aquela do indivíduo, mas de um indivíduo inserido num contexto familiar, social, nacional.
as memórias são construções dos grupos sociais. Embora sejam os indivíduos que lembram, no sentido literal da expressão, são os grupos sociais que determinam o que é “memorável” e as formas pelas quais será lembrado. Portanto, os indivíduos se identificam com os acontecimentos públicos relevantes para o seu grupo.