Leia o fragmento a seguir.
O documento não é inócuo. É, antes de mais nada, o resultado de uma montagem, consciente ou inconsciente, da história, da época, da sociedade que o produziram, mas também das épocas sucessivas durante as quais continuou a viver, talvez esquecido, durante as quais continuou a ser manipulado, ainda que pelo silêncio. O documento é uma coisa que fica, que dura, e o testemunho, o ensinamento (para evocar a etimologia) que ele traz devem ser em primeiro lugar analisados, desmistificando- lhe o seu significado aparente. O documento é monumento. |
LE GOFF, J. Documento/Monumento. In: _____. História e memória. Campinas: Editora da Unicamp, 2003. p. 538.
Nas considerações de Le Goff, o conceito de monumento destaca a relação entre o documento do passado e o
imaginário social, compreendendo as fontes históricas como reveladoras da memória e da mentalidade de uma sociedade.
poder, problematizando as fontes como resultado das relações de força de uma sociedade na tentativa de incutir ao futuro determinada imagem de si.
fato histórico, extraindo aquilo que as fontes contêm, sem distorcê-las, controlando metodicamente a subjetividade do historiador.
patrimônio, enfatizando os vestígios arquitetônicos e materiais como indícios de uma época, na perspectiva de alargamento das fontes promovido pelos Annales.