O encontro entre o Velho e o Novo Mundo, que a descoberta de Colombo tornou possível, é de um tipo muito particular: é uma guerra, ou melhor, como se dizia então, a conquista. Um mistério continua ligado à conquista; trata-se do resultado do combate. Por que esta vitória fulgurante, se os habitantes da América são tão superiores em número a seus adversários, e lutam em seu próprio solo? Se nos limitarmos à conquista do México, a mais espetacular, já que a civilização mexicana é a mais brilhante do mundo pré-colombiano: como explicar que Cortez, liderando algumas centenas de homens, tenha conseguido tomar o reino de Montezuma, que dispunha de várias centenas de milhares de guerreiros? Ao ler a história do México não podemos evitar a pergunta: por que os índios não resistem mais? Será que não se dão conta das ambições colonizadoras de Cortez? Entre os motivos e estratégias que possibilitaram a dominação espanhola sobre os astecas, é INCORRETO afirmar que:
O México de então é um estado homogêneo, um conglomerado de populações subjugadas pelos astecas, que ocupam o topo da pirâmide.
Os índios das regiões atravessadas por Cortez no início não ficam muito impressionados com suas intenções colonizadoras, porque esses índios já foram conquistados e colonizados pelos astecas.
Longe de encarnar o mal absoluto, Cortez frequentemente aparecerá como um mal menor, como um libertador, mantidas as proporções, que permite acabar com a tirania dos astecas, particularmente detestável, por ser muito mais próxima.
Os espanhóis queimaram os livros dos mexicanos para apagar a religião deles; destruíram os monumentos para fazer desaparecer qualquer lembrança de uma grandeza antiga. Mas, cem anos antes, durante o reinado de Itzcoatl, os próprios astecas tinham destruído todos os livros antigos para poderem escrever a história a seu modo.