Considere o pequeno trecho do livro “Não Nascemos Prontos! Provocações Filosóficas” de autoria do professor e filósofo Mário Sérgio Cortella, pois servirá de base à resposta a ser atribuída à questão 1:
Não nascemos prontos!
“O sempre surpreendente Guimarães Rosa dizia: “o animal satisfeito dorme”. Por trás dessa aparente obviedade está um dos mais fundos alertas contra o risco de cairmos na monotonia existencial, na redundância afetiva e na indigência intelectual. O que o escritor tão bem percebeu é que a condição humana perde substância e energia vital toda vez que se sente plenamente confortável com a maneira como as coisas já estão rendendo-se à sedução do repouso e imobilizando-se na acomodação. A advertência é preciosa: não esquecer que a satisfação conclui, encerra, termina; a satisfação não deixa margem para a continuidade, para o prosseguimento, para a persistência, para o desdobramento. A satisfação acalma, limita, amortece.
Por isso, quando alguém diz “fiquei muito satisfeito com você” ou “estou muito satisfeita com teu trabalho” é assustador. O que se quer dizer com isso? Que nada mais de mim se deseja? Que o ponto atual é meu limite e, portanto, minha possibilidade? Que de mim nada mais além se pode esperar? Que está bom como está? Assim seria apavorante; passaria a ideia de que desse jeito já basta. Ora, o agradável é quando alguém diz: “teu trabalho (ou carinho, ou comida, ou aula, ou texto, ou música etc.) é bom, fiquei muito insatisfeito e, portanto, quero mais, quero continuar, quero conhecer outras coisas”.
Um bom filme não é exatamente aquele que, quando termina, ficamos insatisfeitos, parados, olhando, quietos, para a tela, enquanto passamos letreiro, desejando que não cesse? Um bom livro não é aquele que, quando encerramos a leitura, o deixamos um pouco apoiado no colo, absortos e distantes, pensando que não poderia terminar? Uma boa festa, um bom jogo, um bom passeio, uma boa cerimônia não é aquela que queremos que se prolongue?
Com a vida de cada um e de cada uma também tem de ser assim; afinal de contas, não nascemos prontos e acabados. Ainda bem, pois estar satisfeito consigo mesmo é considerar-se terminado e constrangido ao possível da condição do momento.”.(Cortella, Mario Sérgio, Não nascemos prontos!: Provocações Filosóficas, Petrópolis, RJ: Vozes, 2016).
A respeito do texto acima assinale a alternativa incorreta:
Sugere o texto que deveríamos ter um aperfeiçoamento contínuo buscando o conhecimento para um dia estarmos prontos
O autor do livro, por meio do trecho acima, deixa transparecer a ideia de que o desafio humano é resistir à sedução do repouso, pois não devemos satisfazer com as coisas do jeito que estão.
De acordo com o autor do livro a insatisfação é um elemento indispensável para quem deseja querer mais, buscar mais e aprender mais.
O texto conduz o leitor a várias reflexões uma delas a de que devemos nos conformar com as coisas exatamente da forma como elas são.
É possível afirmar que não nascemos prontos e acabados porque vamos adquirindo experiências.