Leia o texto de Vinicius de Moraes.
Lá vem o Pato
Pata aqui, pata acolá
Lá vem o Pato
Para ver o que é que há
Lá vem o Pato
Pata aqui, pata acolá
Lá vem o Pato
Para ver o que é que há
O Pato pateta
Pintou o caneco
Surrou a galinha
Bateu no marreco
Pulou do poleiro
No pé do cavalo
Levou um coice
Criou um galo
Comeu um pedaço
De jenipapo
Ficou engasgado
Com dor no papo
Caiu no poço
Quebrou a tigela
Tantas fez o moço
Que foi pra panela
(https://www.letras.com. Adaptado)
Com base em Gladis Massini-Cagliari e Luiz Carlos Cagliari (“Fonética”. In Mussalim e Bentes, 2005), é correto afirmar que o texto explora como efeito de sentido a repetição do som [p], que é
africado, ou seja, produzido com um bloqueio completo à corrente de ar dentro da cavidade oral, em sua parte inicial, e uma obstrução que produz fricção, durante a parte final de sua articulação. Com ele, enfatiza-se o modo atrapalhado do pato.
nasal, ou seja, produzido com um bloqueio à corrente de ar na cavidade oral, com concomitante abaixamento do véu palatino. Com ele, enfatiza-se a fragilidade do pato.
fricativo, ou seja, produzido com um estreitamento em qualquer parte do aparelho fonador, de tal modo que o ar fonatório, passando por essa parte, produza fricção. Com ele, enfatiza-se o aspecto caricatural do pato.
oclusivo, ou seja, produzido com um bloqueio completo à corrente de ar em algum ponto do aparelho fonador. Com ele, enfatiza-se o impacto da presença do pato.
lateral, ou seja, produzido quando há bloqueio da passagem central da corrente de ar na parte anterior da cavidade oral, permitindo um escape lateral. Com ele, enfatiza-se o pato como um natural desordeiro.