Texto
O CORTIÇO
Aluísio Azevedo
Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas.
[...]
Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente; uma aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas. Uns, após outros, lavavam a cara, incomodamente, debaixo do fio de água que escorria da altura de uns cinco palmos.
[...]
O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os dias acentuava-se; já se não destacavam vozes dispersas, mas um só ruído compacto que enchia todo o cortiço. Começavam a fazer compras na venda; ensarilhavam-se discussões e rezingas; ouviam-se gargalhadas e pragas; já se não falava, gritava-se. Sentia-se naquela fermentação sanguínea, naquela gula viçosa de plantas rasteiras que mergulham os pés vigorosos na lama preta e nutriente da vida, o prazer animal de existir, a triunfante satisfação de respirar sobre a terra. Da porta da venda que dava para o cortiço iam e vinham como formigas; fazendo compras. [...]
Fonte: O Cortiço. São Paulo: Ática, 1995, p.35-36
Utilize o texto acima para responder as questões a seguir:
Com relação à obra O Cortiço, é incorreto afirmar que:
Na obra, os heróis individuais são substituídos pela coletividade.
O processo de brutalidade e coisificação se impõe e encontra espaço no alto da pirâmide capitalista.
A obra traça um retrato psicológico das personagens em um ambiente sociocultural degradado.
A obra denuncia as péssimas condições de vida da população na cidade em crescimento.
A obra mostra o Rio de Janeiro da capoeiragem, da mistura de negros, mulatos e imigrantes portugueses.