Em uma de suas crônicas, Rubem Braga tece os seguintes comentários sobre o padre Feijó, figura importante de nossa história: “...quanta mediocridade, quanta incoerência! Não era homem excepcional nem pela inteligência nem pela cultura. Não teve, diante dos problemas do Brasil, nenhuma visão mais larga nem penetrante; não nos legou, nem mesmo aos homens do Segundo Império, nenhuma ideia mais alta ou mais justa para levar adiante. Teimoso e limitado, tinha dois ou três projetos que defendeu até a velhice, e nenhum deles de maior mérito”.
Temos aqui o exemplo de um argumento ad hominem, ou seja, uma argumentação crítica contra uma pessoa.
O tipo de argumento ad hominem que é adequado ao texto de Rubem Braga é aquele que:
repousa sobre uma incoerência ou inconsistência de ordem formal: a incompatibilidade ou a contradição lógica entre diferentes elementos argumentativos;
consiste em colocar em discussão a posição mantida por uma pessoa em virtude de traços de sua personalidade nas suas relações sociais;
não procura desacreditar uma ideia em função de um aspecto negativo da pessoa que a formula, mas se prende diretamente a marcas negativas da própria pessoa;
marca a reprovação de alguém por ter mudado de ideia, mudando de política geral ou de partido político;
pretende destacar a contradição entre o dizer e o fazer, tendo um comportamento incompatível com o discurso que apresenta.