Leia o texto.
Foi então que aconteceu. De pura afobação a galinha pôs um ovo. Surpreendida, exausta. Talvez fosse prematuro. Mas logo depois, nascida que fora para a maternidade, parecia uma velha mãe habituada. Sentou-se sobre o ovo e assim ficou respirando, abotoando e desabotoando os olhos. Seu coração tão pequeno, num prato solevava e abaixava as penas enchendo de tepidez aquilo que nunca passaria de um ovo. Só a menina estava perto e assistiu a tudo estarrecida. Mal porém conseguiu desvencilhar-se do acontecimento despregou-se do chão e saiu aos gritos:
– Mamãe, mamãe, não mate mais a galinha, ela pôs um ovo! Ela quer o nosso bem!
Todos correram de novo à cozinha e rodearam a jovem parturiente. Esquentando seu filho, esta não era nem suave nem arisca, nem alegre nem triste, não era nada, era uma galinha. O que não sugeria nenhum sentimento especial. O pai, a mãe e a filha olhavam já há algum tempo, sem propriamente um pensamento qualquer. Nunca ninguém acariciou uma cabeça de galinha. O pai afinal decidiu-se com certa brusquidão:
– Se você mandar matar essa galinha nunca mais comerei galinha na minha vida!
A mãe, cansada, deu de ombros.
(Clarice Lispector)
Identifique abaixo as afirmativas verdadeiras ( V ) e as falsas ( F ).
( ) Na frase: “…assistiu a tudo estarrecida”, se retirarmos o “a”, daremos um novo sentido ao verbo e, em consequência, à frase.
( ) Nas expressões: “correram à cozinha” e “vasculharam à cozinha”, o uso correto da crase se justifica pelo mesmo motivo.
( ) Na frase: “O pai, a mãe e a filha olhavam já há algum tempo, sem propriamente um pensamento qualquer” temos um sujeito composto e o verbo “olhar” é intransitivo.
( ) A oração: “Se você mandar matar essa galinha” expressa um sentido de concessão; é, pois, subordinada condicional.
( ) Na fala da menina, temos a presença de vocativo, como em: “Doutor, cure-me!”.
Assinale a alternativa que indica a sequência correta, de cima para baixo.
V • F • V • F • V
F • V • V • V • F
V • V • F • V • V
F • F • F • F • V
V • F • V • V • F