De repente estruge ao lado um estrídulo tropel de casco sobre pedras, um estrépido de galhos estalando, um estalar de chifres embatendo; tufa nos ares, em novelos, uma nuvem de pó; rompe, a súbitas, na clareira, embolada, uma ponta de gado; e, logo após, sobre o cavalo que estava esbarrado, o vaqueiro, nos estribos…
Com o seu estilo sonoro e a interpretação das duas faces contraditórias e complementares do País, Os Sertões se tornou obra canônica da cultura brasileira do século 20, ainda que hoje se encontrem superados muitos de seus aspectos científicos, como as hipóteses geológicas, as teorias raciais e parte da reconstrução histórica, marcada por uma visão negativa de Canudos e da atuação do Conselheiro.
VENTURA, Roberto. Os sertões. São Paulo: Publifolha, 2002, p. 62, com adaptações.
No que se refere a Os Sertões, de Euclides da Cunha, assinale a alternativa correta.
Elaborada segundo pressupostos do movimento literário realista brasileiro, essa obra enformou narração objetiva e documental dos episódios finais da campanha de Canudos.
Obra híbrida, surgida em meio ao que a crítica brasileira identificou como Modernismo, mesclou discursos advindos de diversas ciências para, apesar dos determinismos, narrar, com diversos recursos poéticos, tal como o oxímoro, uma denúncia acerca do massacre histórico ocorrido em Canudos.
Obra elaborada a partir de uma concepção naturalista inspirada pelo historiador francês Hippolythe-Adolphe Taine, compreende que a vida do povo é determinada por três fatores: o meio, ou o ambiente físico e geográfico; a raça, responsável pelas disposições hereditárias; e o momento, resultante das duas primeiras causas. Tal compreensão se reflete na organização do livro em três partes: a Terra, o Homem, a Luta.
É uma obra aclamada em unanimidade pela crítica contemporânea, que lhe dirigiu recensões exaltando a escolha vocabular e o requinte terminológico.
Obra resultante de uma cobertura jornalística realizada por Euclides da Cunha, assentou-se em uma mescla textual que se valeu de técnicas do jornalismo literário para denunciar, em forma romanesca, o massacre dos combatentes de Canudos.