Em seguida à discussão proposta, para exemplificar o fato de que a norma-padrão não corresponde integralmente às variedades linguísticas de prestígio (ou seja, àquelas variedades faladas pelos chamados usuários cultos), o professor Tirésias selecionou a seção inicial do poema “Niani” de Machado de Assis:
Contam-se histórias antigas
Pelas terras de além-mar,
De moças e de princesas,
Que amor fazia matar.
Mas amor que entranha n’alma
E a vida soe acabar,
Amor é de todo o clima,
Bem como a luz, como o ar.
Morrem dele nas florestas
Aonde habita o jaguar,
Nas margens dos grandes rios
Que levam troncos ao mar.
Agora direi um caso
De muito penalizar,
Tão triste como os que contam
Pelas terras de além-mar.
ASSIS, Machado de. A poesia completa. São Paulo: Edusp/Nankin, 2009.
O trecho do poema que poderia ser utilizado por Tirésias para ilustrar a mencionada não correspondência integral entre norma-padrão e variedades linguísticas de prestígio seria:
“Contam-se histórias antigas / Pelas terras de além-mar,” (1ª estrofe).
“Mas amor que entranha n’alma / E a vida soe acabar,” (2ª estrofe).
“Morrem dele nas florestas / Aonde habita o jaguar,” (3ª estrofe).
“Tão triste como os que contam / Pelas terras de além-mar.” (4ª estrofe).
“Agora direi um caso / De muito penalizar,” (4ª estrofe).