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LEIA O POEMA A SEGUIR E ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA: QUEBRANTO às vezes sou o polici...

LEIA O POEMA A SEGUIR E ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA:

QUEBRANTO

às vezes sou o policial

que me suspeito

me peço documentos

e mesmo de posse deles

me prendo

e me dou porrada


às vezes sou o zelador

não me deixando entrar

em mim mesmo

a não ser

pela porta de serviço


às vezes sou o meu próprio delito

o corpo de jurados

a punição que vem com o veredito


às vezes sou o amor

que me viro o rosto

o quebranto

o encosto

a solidão primitiva

que me envolvo com o vazio


às vezes as migalhas do que

sonhei e não comi

outras o bem-te-vi

com olhos vidrados

trinando tristezas


um dia fui abolição que me

lancei de supetão no espanto

depois um imperador deposto

a república de conchavos no coração

e em seguida

uma constituição que me promulgo

a cada instante


também a violência dum impulso

que me ponho do avesso

com acessos de cal e gesso

chego a ser


às vezes faço questão

de não me ver

e entupido com a visão deles

me sinto a miséria

concebida como um

eterno começo


fecho-me o cerco

sendo o gesto que me nego

a pinga que me bebo

e me embebedo

o dedo que me aponto

e denuncio

o ponto em que me entrego.

às vezes!...

Cuti. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2007. 136 p. 53

A

O poema traz o relato do cotidiano de um policial e o sentimento de frustação com a carreira profissional.

B

Trata-se de memórias póstumas de um condenado insatisfeito com os rumos da política governamental.

C

O eu lírico do texto incorpora em si mesmo a personalidade do seu opressor adotando uma postura autodepreciativa.

D

A lamentação evidencia a angústia do alcóolatra e seus questionamentos perante a sociedade opressora.

E

A obra se refere a opressão sentida por um indivíduo marginalizado na sociedade, não levando em conta sua condição racial, social e financeira.