Texto
TERCETOS, I
Olavo Bilac
Noite ainda, quando ela me pedia
Entre dois beijos que me fosse embora,
Eu, com os olhos em lágrimas, dizia:
"Espera ao menos que desponte a aurora!
Tua alcova é cheirosa como um ninho...
E olha que escuridão há lá por fora!
Como queres que eu vá, triste e sozinho,
Casando a treva e o frio de meu peito
Ao frio e à treva que há pelo caminho?!
Ouves? é o vento! é um temporal desfeito!
Não arrojes à chuva e à tempestade!
Não me exiles do vale do teu leito!
Morrerei de aflição e de saudade...
Espera! até que o dia resplandeça,
Aquece-me com a tua mocidade!
Sobre o teu colo deixa-me a cabeça
Repousar, como há pouco repousava...
Espera um pouco! deixa que amanheça!"
- E ela abria-me os braços. E eu ficava.
Fonte: Disponível em: < http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000285.pdf > Acesso em 21 maio de 2018
Sobre o poema é correto afirmar:
O poema descreve uma cena amorosa, num procedimento típico do Parnasianismo: a mulher é real, sem a idealização romântica.
O poema segue a temática romântica, porém, a objetividade e o sentimento do belo são fortes presenças no texto.
Em versos simples e coloquiais, o poeta expressa seus sentimentos em relação à figura feminina, sempre idealizada.
O poema é sensual e celebra o prazer do amor físico, revelando o lirismo amoroso do poeta.
O poema apresenta uma cena parnasiana em que os amantes não conseguem se desvencilhar do ato amoroso.