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Pelas precedentes considerações se manifesta que não é ofício do poeta narrar o que ac...

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Q1714533
Teclas de Atalhos
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Pelas precedentes considerações se manifesta que não é ofício do poeta narrar o que aconteceu; é, sim, o de representar o que poderia acontecer, quer dizer: o que é possível segundo a verossimilhança e a necessidade. Com efeito, não diferem o historiador e o poeta, por escreverem verso ou prosa (pois que bem poderiam ser postas em verso as obras de Heródoto, e nem por isso deixariam de ser histórias, se fossem em verso o que eram em prosa), ̶ diferem, sim, em que diz um as coisas que sucederam, e outro as que poderiam suceder.


Aristóteles (tradução de Eudoro de Sousa). Poética. Porto: Casa da Moeda, 1986, p. 50.


O texto acima apresenta uma das primeiras iniciativas no sentido de formular um conceito de literatura a partir de uma das especificidades da linguagem literária que a difere das demais expressões culturais. Sendo assim, assinale a alternativa que apresenta o conceito de literatura com base em uma especificidade da linguagem literária que dialoga com a anunciada no texto de Aristóteles.


A

A literatura é, assim, vida, parte da vida, não se admitindo que possa haver conflito entre uma e outra. Através das obras literárias, tomamos contato com a vida, nas suas verdades eternas, comuns a todos os homens e lugares, porque são as verdades da mesma condição humana (Afrânio Coutinho. Notas de teoria literária. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978, p. 67).

B

Literário é um certo tipo de texto que tem literariedade. A literariedade são as metáforas, as metonímias, as sonoridades, os ritmos, a narratividade, a descrição, os personagens, os símbolos, as ambiguidades e alegorias, os mitos e outras propriedades da literatura. A literatura é a narrativa, o drama, o poema (R. Samuel (org.). Manual de teoria literária. Petrópolis: Vozes, 1985, p. 10).

C

A criação literária traz como condição necessária uma carga de liberdade que a torna independente sob muitos aspectos, de tal maneira que a explicação dos seus produtos é encontrada, sobretudo, neles mesmos. Como conjunto de obras de arte a literatura se caracteriza por essa liberdade extraordinária que transcende as nossas servidões (Antonio Candido. Literatura de dois gumes. In: A educação pela noite e outros ensaios. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2006, p. 197).

D

A distinção entre literatura e demais artes vai operar‐se nos seus elementos intrínsecos, a matéria e a forma do Verbo. De que se serve o homem de letras para realizar seu gênio inventivo? Não é, por natureza, nem do movimento como o dançarino, nem da linha como o escultor ou o arquiteto, nem do som como o músico, nem da cor como o pintor. E sim – da palavra. A palavra é, pois, o elemento material intrínseco do homem de letras para realizar sua natureza e alcançar seu objetivo artístico (Alceu Amoroso Lima. A estética literária e o crítico. Rio de Janeiro: Agir, 1954, p. 44).

E

Uma coisa que realmente não existe é aquilo a que se dá o nome de Arte. Existem somente artistas. Outrora, eram homens que apanhavam terra colorida e modelavam toscamente as formas de um bisão na parede de uma caverna; hoje, alguns compram suas tintas e desenham cartazes para os tapumes; eles faziam e fazem muitas outras coisas. Não prejudica ninguém chamar a todas essas atividades de arte, desde que conservemos em mente que tal palavra pode significar coisas muito diferentes, em tempos e lugares diferentes, e que Arte com A maiúsculo não existe (E. H. Gombrich. História da arte. Rio de Janeiro: Zahar, 1978, p. 4).