O último verso de cada estrofe deste poema de Carlos Drummond de Andrade estabelece uma relação diferenciada em relação aos demais versos da mesma estrofe. Fica a impressão, com isso, de que o poeta está consciente da realidade vivida em um momento histórico. Sente esse contexto, com pejo, não obstante haver uma ponta de esperança em cada estrofe.
Leia o texto:
CONSOLO NA PRAIA
Vamos, não chores...
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.
O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.
Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis casa, navio, terra.
Mas tens um cão.
Algumas palavras duras,
em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
Mas, e o humour?
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Reunião. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980.)
Escolha, agora, a opção coerente em relação ao contexto a que esse poema de Drummond se refere:
A época é o início dos anos de 1930, durante as primeiras produções de Drummond.
É o mesmo contexto dos poemas “Áporo” e “A flor e a náusea”.
É o contexto da Semana de 22, por isso há tantas agruras na voz do poeta.
É um poema classificado como “memórias”, de Drummond.
É um poema pertencente ao mesmo contexto do célebre poema “José”, do mesmo autor.