No poema de Carlos Drummond de Andrade exemplificado em seguida, há uma figura de pensamento e outra figura de sintaxe que reforçam o sentido conotativo do texto. Escolha a resposta que, mais adequadamente, nomeia e explica essas duas figuras.
PAPEL
E tudo que eu pensei
e tudo que eu falei
e tudo que me contaram
era papel.
E tudo que descobri
amei
detestei:
papel.
Papel quanto havia em mim
e nos outros, papel
de jornal
de parede
de embrulho
papel de papel
papelão.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. As impurezas do branco. Rio de Janeiro: Record, 1990.)
Ironia: é o sentido contrário que aparece na segunda estrofe com a palavra “detestei”.
Zeugma: o primeiro verso da primeira estrofe omite alguma palavra, porque a primeira palavra é um conectivo.
Eufemismo: a última palavra do poema, “papelão”, é um exagero.
Silepse: é a impessoalidade do verbo “haver” no seguinte verso: “Papel quanto havia em mim.”
Hipérbole: em “papel de papel / papelão”, é a repetição da palavra “papel”.
Assíndeto: é a ausência de conectivo nos versos da segunda estrofe.
Gradação: apresentação de ações pausadas que se concentram na palavra última “papel”, que se lê em cada estrofe.
Polissíndeto: repetição da conjunção “e”, na primeira estrofe; repetição da preposição “de”, na terceira estrofe.
Antítese: é a oposição das palavras “amei” a “detestei”, na segunda estrofe.
Anáfora: é a repetição exaustiva do conectivo “e”, e da palavra “papel” em todo o texto.