TEXTO - A JUSTIÇA
Oswaldo França Júnior
De uma colina, onde se descortinava toda a cidade, dois homens mantinham silêncio olhando os dois corpos que balançavam lado a lado no patíbulo da praça. Um dos homens era o juiz mais sábio e justo de todo o país, e o outro, um lenhador, seu amigo.
E o lenhador quebrou o silêncio:
- Senhor juiz, nunca houve uma sentença sua que eu não aceitasse como a suprema justiça. Mas, desculpe minha infinita ignorância, por que enviar à forca uma mulher que no julgamento perdoou ao frio assassino do filho? Qual a razão desta sentença, senhor juiz?
E o juiz grave, solene, respondeu:
- A justiça, meu amigo.
- Mas como a justiça, meritíssimo? Essa mulher era uma santa. Perdoava a todos; até ao assassino do filho.
E o juiz, do fundo da sua sabedoria, disse:
- A esse crime ela não tinha o direito de dar o seu perdão
A ilogicidade do texto está em que:
ninguém perdoa, de fato, o assassino do próprio filho;
o fato de perdoar não pode ser visto como ato criminoso;
não há mais a utilização da forca nas penas de morte;
a profissão de lenhador já está extinta;
um juiz que condena à morte seja considerado sábio.