Alfredo Bosi, em História Concisa da Literatura Brasileira, reflete sobre a escritora Clarice Lispector: “Há na gênese dos seus contos e romances tal exacerbação do momento interior que, a certa altura do seu itinerário, a própria subjetividade entra em crise. O espírito, perdido no labirinto da memória e da autoanálise, reclama um novo equilíbrio.”
(BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix, 2006. p. 452.)
Qual é a alternativa que melhor exemplifica a passagem acima?
“Então, não. O que devia fazer era embrulhá-las e mandá-las, sem nenhum prazer agora; embrulhálas e, decepcionada, mandá-las; e espantada ficar livre delas.” (LISPECTOR, Clarice. Laços de Família. Rio de Janeiro: Rocco, 2009. p. 48.)
“Ele-ela já estava presente no alto da montanha, e ela estava personalizada no ele e o ele estava personalizado no ela.” (LISPECTOR, Clarice. Onde estivestes de noite. Rio de Janeiro: Rocco, 1999. p. 43.)
“Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim.” (LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1997. p. 11.)
“Estou um pouco desnorteada como se um coração me tivesse sido tirado, e em lugar dele estivesse agora a súbita ausência quase palpável do que era antes um órgão banhado da escuridão da dor.” (LISPECTOR, Clarice. Onde estivestes de noite. Rio de Janeiro: Rocco, 1999. p. 86.)
“Fui para o recreio, onde fiquei sozinha com o prêmio inútil de ter sido a primeira, ciscando a terra, esperando impaciente pelos meninos que a pouco começaram a surgir na sala.” LISPECTOR, Clarice. Felicidade Clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. p. 106.)