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O texto adiante é um fragmento do romance Infância, de Graciliano Ramos, publicado em 1...

O texto adiante é um fragmento do romance Infância, de Graciliano Ramos, publicado em 1945. Leia-o e responda à questão proposta.


TEXTO 2


“Poder ser alguém em uma sociedade, para muitas pessoas sempre esteve ligado ao fato de ter conhecimento da letra, ser letrado. O pai tinha consciência da importância do poder que tinha a escrita, pois, em sua concepção, um homem letrado era um homem ‘sabido’ que possuía armas terríveis, as letras. No entanto, o sujeito aprende a ler, mas não adquire, muitas vezes, a capacidade de fazer uso da escrita. Como aconteceu com o menino: Certamente meu pai usara um horrível embuste naquela maldita manhã, inculcando-me a excelência do papel impresso. Eu não lia direito, mas, arfando penosamente, conseguia mastigar os conceitos sisudos: ‘A preguiça é a chave da pobreza – Quem não ouve conselhos raras vezes acerta – Fala pouco e bem: ter-te-ão por alguém.’

Esse Terteão para mim era um homem, e não pude saber que fazia ele na página final da carta. As outras folhas se desprendiam, restavam-me as linhas em negrita, resumo da ciência anunciada por meu pai.

- Mocinha, quem é Terteão?

Mocinha estranhou a pergunta. Não havia pensado que Terteão fosse homem. Talvez fosse. “Fala pouco e bem: ter-te-ão por alguém”.

- Mocinha, que quer dizer isso?

Mocinha confessou honestamente que não conhecia Terteão. E eu fiquei triste, remoendo a promessa de meu pai, aguardando novas decepções.”


Considerando as informações que o trecho dado oferece, assinale a alternativa com a afirmação INCORRETA.

A

O menino ignora as regras gramaticais de colocação dos pronomes.

B

Mocinha, igualmente, por ignorância, não foi capaz de identificar o pronome oblíquo inserido no verbo.

C

O pai do menino destaca o prestígio social que têm a moderação verbal e o domínio da norma culta da língua.

D

Como as anotações do pai tinham sido feitas por escrito na última folha da carta, a colocação do pronome não ficou legível para o menino.

E

O pai entendia que o domínio das normas gramaticais constituía uma arma poderosa para a dinâmica da vida em sociedade.