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Pintura admirável de uma beleza Gregório de MatosVês esse sol de luzes coroado?Em pérol...

Pintura admirável de uma beleza

Gregório de Matos


Vês esse sol de luzes coroado?

Em pérolas a aurora convertida?

Vês a lua de estrelas guarnecida?

Vês o céu de planetas adorado?


O céu deixemos; vês naquele prado

A rosa com razão desvanecida?

A açucena por alva presumida?

O cravo por galã lisonjeado?


Deixa o prado; vem cá, minha adorada:

Vês desse mar a esfera cristalina

Em sucessivo aljôfar desatada?


Parece aos olhos ser de prata fina?

Vês tudo isto bem? Pois tudo é nada

À vista do teu rosto, Catarina.


MATOS, Gregório. Pintura admirável de uma beleza. Disponível em : https://www.tudoepoema .eom.br/

gregorio-de-matos-pintura-admiravel-de-uma-beleza/. Acesso em : 17 mar. 2023.


Qual destas análises do poema está correta?

A

Ao longo do poema, diversas comparações são construídas em torno da beleza da mulher amada e da beleza de aspectos da paisagem e de elementos naturais. Essas comparações são estruturadas a partir de um paradoxo, o que fica evidente no segundo verso da última estrofe do poema.

B

Em Pintura admirável de uma beleza, o eu lírico conduz a atenção da sua amada para características grandiosas da paisagem, de modo a construir uma comparação impactante ao final do texto. Esse recurso, que arremata a ideia construída ao longo do soneto, é categorizado como chave de ouro.

C

Em toda a extensão do soneto, o projeto barroco fica evidenciado por meio do tratamento reservado à figura feminina. De forma geral, o objeto amado é apresentado de forma a evidenciar as tensões existentes entre a tentativa de demonstrar uma figura que é, ao mesmo tempo, angelical e pulcra.

D

Nas duas primeiras estrofes do soneto, Gregório de Matos explora a problemática amorosa, principalmente relacionada à impossibilidade de concretização desse amor. Esse impedimento tornase mais esparso no decorrer das duas últimas estrofes, a partir da aproximação espacial do eu lírico com o seu objeto amado.

E

No decorrer da escrita do soneto, Gregório de Matos subverte a estrutura canônica da forma poética a partir do uso repetido de perguntas como um recurso estilístico que modifica o padrão de metrificação. Essa ruptura fica evidente nas últimas duas estrofes, em que o padrão de rimas CDC sofre alteração.