Considere uma paciente feminina, 50anos, há 30 dias com quadro de diarreia com incontinência fecal associada a enterorragia. Procurou assistência médica, tendo realizado colonoscopia que revelou lesão em reto baixo com diagnóstico anatomopatológico de ADENOCARCINOMA. Procurou o Hospital para tratamento especializado.
Exame locorregional:
Toque: Vagina pérvia para dois dedos, septo retovaginal livre. Esfíncter anal normotônico. Presença de lesão úlcero-vegetante, infiltrativa, ocupando praticamente toda a circunferência do reto, iniciando-se a cerca de 6 cm da borda anal, subestenosante, não sendo possível alcançar ao toque o seu limite superior. Mobilidade reduzida.
Escopia: introdução do retossigmoidoscópio rígido com visualização da lesão acima descrita. A lesão dista cerca de 4 cm da linha pectínea.
Exames de estadiamento e planejamento cirúrgico:
Colonoscopia: tumoração friável, sangrante, com áreas ulceradas, estendendo-se por quase toda a circunferência do reto, diminuindo a luz, aproximadamente a 6 cm da borda anal. Sem outras lesões no cólon.
CEA pré-operatório: 12,0
TC abdome e pelve: Nódulo hepático calcificado. Espessamento das paredes do reto
Rx de tórax: Normal
Assinale a alternativa correta com base no caso.
Está indicado tratamento neoadjuvante com QT/RT. Os esquemas mais comumente utilizados incluem: 5FU e ácido folínico 1x/semana, durante 4 semanas, associados à RT (4500cGy, 180cGy/dia, 5x/semana – 25 dias úteis).
Nos casos dos pacientes submetidos a QT/RT neoadjuvantes e posterior retossigmoidectomia e anastomose primária, a confecção de colostomia protetora não é recomendada.
O tratamento neoadjuvante com quimio e radioterapia é indicado no caso porque há evidencias claras, de estudos randomizados, de ganho de sobrevida em relação à estratégia de tratamento de fazer a cirurgia “up front” seguida de quimio e radioterapia adjuvante.
A cirurgia está indicada após a neoadjuvância, somente nos casos sem resposta ao tratamento. Na cirurgia, é necessária a excisão total do mesorreto e das cadeias linfonodais pertinentes, para estudo e controle da doença linfonodal.
Como a lesão dista 4 cm da LP na avaliação inicial, a princípio é possível realizar uma retossigmoidectomia com anastomose colorretal baixa, preservando-se o esfíncter anal, pois pode-se respeitar a margem mínima de 2cm e realizar a anastomose 2cm acima da LP, sem lesão do esfíncter, sendo essa cirurgia a primeira conduta nesse caso.