Segundo Cortella (2016), é preciso reafirmar uma questão básica: “se o Conhecimento é relativo à história e à sociedade, ele não é neutro”. A Escola, afirma o autor, “está grávida de história e sociedade, e, sendo esse processo marcado pelas relações de poder, o Conhecimento é também político, isto é, articula-se com as relações de poder. Sua transmissão, produção e reprodução no espaço educativo escolar decorre de uma posição ideológica (consciente ou não), de uma direção deliberada e de um conjunto de técnicas que lhes são adequadas”. Dessa forma, de acordo com o autor, “é preciso que recoloquemos o problema de seu sentido social concreto”. Após reafirmar o que chama de óbvio, que “há um fortíssimo reflexo das condições de vida dos alunos no seu desempenho escolar”, Cortella argumenta que é necessária, de nossa parte, como educadores, “uma atenção aguda à nossa realidade na qual há vários modos de ser criança”, para que nos qualifiquemos para “um exercício socialmente competente da profissão docente”. E adverte que se tomarmos por referência uma criança idealizada, com base no modo minoritário de ser criança, e “se não nos qualificarmos para atuar junto aos vários modos de ser criança em nossa realidade social”, o resultado concreto de nosso trabalho educativo pode
sofrer críticas de gestores, colegas e pais, por não conseguirmos ensinar a todos.
contribuir para o aprofundamento das diferenças e a manutenção da injustiça.
frustrar-nos, pelas dificuldades de aprendizagem que as crianças têm, levando-nos a desistir da docência.
valer-nos a pecha de incompetentes, porque nossos alunos não alcançam bons resultados nas avaliações padronizadas.
ter um efeito padronizador na formação dos educandos, aplainado as diferenças nos modos de ser criança, tanto as negativas quanto as positivas.