Paulo Freire compartilha um fato de sua vida escolar na adolescência, relatando:
O professor trouxera de casa os nossos trabalhos escolares e, chamando-nos um a um, devolvia-os com o seu ajuizamento. Em certo momento me chama e, olhando ou re-olhando o meu texto, sem dizer palavra, balança a cabeça numa demonstração de respeito e de consideração. O gesto do professor valeu mais do que a própria nota dez que atribuiu à minha redação. O gesto do professor me trazia uma confiança ainda obviamente desconfiada de que era possível trabalhar e produzir. De que era possível confiar em mim, mas que seria tão errado confiar além dos limites quanto errado estava sendo não confiar. A melhor prova da importância daquele gesto é que dele falo agora como se tivesse sido testemunhado hoje. E faz, na verdade, muito tempo que ele ocorreu...
(FREIRE, Paulo. 1996.)
Ao assumir essa postura, o professor de Freire rompe com uma perspectiva de educação, amplamente criticada nas obras do autor. Trata-se da
educação dialógica – na qual as relações entre professores/ alunos são horizontalizadas.
educação problematizadora – na qual as relações entre professores/alunos são conduzidas exclusivamente pelos primeiros.
educação libertadora – na qual as relações entre professores/ alunos são hierarquizadas.
educação bancária – na qual as relações entre professores/ alunos são hierarquizadas.