Vitor Paro entende os termos educação, democracia e cidadania como imbricados de tal maneira que um necessariamente contém os demais. Tendo isso em vista, considere o excerto:
O termo cidadania, embora tendo origens que remontam à antiguidade grega, possui um significado moderno e complexo que não podia ser alcançado pelas sociedades daquela época. Para compreendê-lo é preciso ter em mente que a cidadania, para além do conceito de pessoa, entendida como um ser natural, dotado de características próprias, supõe a categoria de indivíduo. Este, mais do que um ser que tem características apenas particulares, detém propriedades sociais, que o faz exemplar de uma sociedade, composta por outros indivíduos que possuem essas mesmas características. Estas não advêm de sua simples condição natural, mas do fato de pertencerem a uma sociedade historicamente determinada.
(Paro, Escritos sobre Educação)
Isso implica
assumir o destino cultural de um sujeito sem agência individual, determinado histórica e socialmente, ou seja, frente a uma demarcação coletiva da sociedade.
privilegiar a dimensão pessoal na formação para a democracia, para que cada um possa escapar das amarras socioeconômicas de partida, de modo independente dos demais.
considerar o conceito de homem histórico, construtor de sua própria humanidade, ou seja, que é, ao mesmo tempo, natureza e transcendência da natureza.
substituir o paradigma da sociedade do dever para o da sociedade dos direitos, isto é, estruturar a política a partir da separação entre direitos do cidadão e deveres do Estado.
reconhecer que o ordenamento jurídico-político da sociedade é a chave exclusiva pela qual a democracia acontece, a partir de um poder central democraticamente eleito.