Em dezembro de 2021, quatro pessoas foram responsabilizadas criminalmente pelo incêndio na boate Kiss, ocorrido em 23 de janeiro de 2013, em Santa Maria, RS. Nesse incêndio, 242 pessoas morreram e mais de 600 desenvolveram sequelas após inalação de gases tóxicos desprendidos pela queima da espuma de isolamento acústico que revestia o teto da boate. A perícia apontou intoxicação por gás cianídrico ou cianeto, monóxido de carbono e dióxido de carbono. Sobre o mecanismo de ação desses gases, é correto afirmar:
A intoxicação por cianeto envolve a inibição direta da enzima ATP sintase mitocondrial, responsável pela fosforilação do ADP em ATP; a morte celular ocorre pelo bloqueio na síntese de ATP e anóxia, afetando rapidamente o sistema nervoso central.
O cianeto liga-se com grande afinidade ao íon ferroso (Fe2+) do grupo heme da hemoglobina, deslocando e impedindo a ligação do oxigênio; a morte ocorre por asfixia, com prejuízo de transporte de oxigênio e anóxia de tecidos periféricos e centrais.
O tratamento da intoxicação por cianeto envolve a redução do grupo heme da hemoglobina do estado férrico (Fe3+) para o ferroso (Fe2+); esta hemoglobina oxidada (metemoglobina) não é funcional no transporte de oxigênio, mas compete pelo cianeto, deslocando-o da enzima citocromo c oxidase e desbloqueando, assim, a cadeia de transporte de elétrons.
O cianeto liga-se ao íon férrico (Fe3+) da enzima citocromo c oxidase, que catalisa a última etapa da cadeia de transporte de elétrons na mitocôndria; a morte celular ocorre rapidamente por déficit energético e anóxia tecidual do sistema nervoso central.
O íon cianeto possui alta afinidade pela enzima ALA sintase, envolvida na síntese do grupo prostético heme, presente tanto na hemoglobina como nas enzimas mitocondriais da cadeia de transporte de elétrons; a inibição da ALA sintase causa prejuízo imediato no transporte de oxigênio e na síntese de ATP, afetando rapidamente o sistema nervoso central e levando à morte celular.