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“O modo com o qual a linguagem opera a favor da normatividade é amplamente percebido no...

“O modo com o qual a linguagem opera a favor da normatividade é amplamente percebido no caso de Ana, chamada de “Canhão” (referente à estética), “Bombril”, “Cabelo de vassoura” (raça) e “Sargento”. Quanto a “sargento”, não consegui obter sequer uma justificativa por parte das crianças, mas acredito estar negativamente associado à postura exacerbadamente agressiva de Ana, o que a “masculinizaria”. Estigmatizada no olhar racializado dos garotos brancos, Ana ainda se torna alvo de chacota devido a um comportamento que transgride a matriz heterossexual. Mas, novamente, a reconfiguração do sexo e do gênero ganha um caráter de desvalorização. Através de um gênero masculinizado que não corresponde à linearidade esperada pela matriz heterossexual e na relação com outros marcadores sociais “desprivilegiados”, Ana tem garantido o “direito” a uma posição inferiorizada nas relações de poder produzidas no interior do grupo”.

SOUZA, Érica Renata. Marcadores sociais da diferença e infância: relações de poder no contexto escolar. Cadernos Pagu, n. 26, p. 169-199, 2006.

Considerando o que se afirma no texto, assinale a afirmação verdadeira.

A
Os marcadores sociais da diferença garantem a Ana reconhecimento social apesar de contrariar padrões politicamente corretos.
B
A linguagem utilizada para definir Ana retrata diferenças sociais que compõem relações de poder socialmente referenciadas por marcadores expressos no corpo.
C
O comportamento de Ana reflete maneiras de se adaptar às regras sociais estabelecidas e reivindicadas pelo uso de linguagens jocosas.
D
A linguagem é utilizada como dispositivo disciplinar para normalizar a conduta de Ana e permitir sua integração ao grupo.